RETORNO – No meu tempo de guri, no verão, o banho era de sanga ou açude. Agora a gente diz que vai a praia. Logo se imagina a criatura de molho com esse sol. Que nada, gaúcho mais fica na areia e não enfrenta a água barrenta, fria e o vento nordestão. Faz aquele passeio do “abano”. Passa por um conhecido, abana. Vem outro dá um oi. Ai encontra aquele amigo de infância e vem aquele papo. Ao final diz: - Passa lá em casa para um churrasco ou chega na hora do mate. É um convite como aqueles de cariocas, aparece para lanchar comigo. Mas que dia e hora tchê ?
SINALEIRA – Ninguém gosta de parar em sinaleira por segurança, ou para não ser achacado. Estava indo para minha caminhada matinal, quando vejo parado no sinal, um amigo do Alegrete. Estendi a mão com pedinte e bati no vidro, o vivente nem olhou, só sinalizou com o dedo. Repeti o gesto nem bola. Bati com força e ele indignado virou-se para me mandar longe, tirei o boné e foi aquela risada. Como é triste a vida de quem pede, como dizia aquele sem teto, “humano pobre não vale nada”.
CAUSOS DA ETA – Preciosidades de colegas (de internato), não sei o que contam de mim. Mas com o auxilio do Melão (Luiz Carlos Oliveira), vou relembrando algumas. Com o tempo vamos passando a limpo. Tem aquela de um metido a galã. Achava-se parecido com o astro mexicano Arturo de Córdova, cultivava bigode e usava glostora na cabeleira. Freqüentava a Sociedade Gondoleiros onde poucos colegas iam. Numa reunião dançante do Centro de Estudantes, apareceu uma guria com a foto e um cartão, com nome “ARTHURO DEL GALVEZ”, como estava ausente descobriram a malandragem dele. Foi o que bastou. Na segunda-feira, quando retornou todos cairam em cima do “Arturito”, que até aquela data era o tal que usa Lifeboy. Uma do Otto orador e pernóstico para falar estava com um grupo, quando passa o Seu Adolfo Narciso da limpeza. Lascou: -“ De onde vem e para onde vai este alegre verme rastejante ou saindo de algum imbróglio”. Veio a resposta: -“Tantos elogios só o senhor merece porque estuda”.
RINCÃO DA TOSSE – (Acho que o Luiz Odilon publicou no seu Entrevero de Causos). No Alegrete um dos partidos tradicionais era a UDN (Chimangos), que abrigava a velha guarda de estancieiros. Sempre reunidos em sua sede a Rua Gen. Sampaio, mateavam e passavam a limpo os assuntos políticos, o preço do boi e da lã. Aquele local era chamado pelos adversários, por Rincão da Tosse, por reunir os mais idosos que normalmente estavam sempre pigarreando.
PODÓLOGA – Para uma unha encravada fui a uma profissional. Atendeu-me toda paramentada, num box separado de outros por meia parede. Naquele silencio sepulcral fazia seu trabalho, quando ao lado entra uma senhora, que presumi ser jovem pelos papos com a depiladora. Quando falam no tipo de serviço, ela disse: -“Não faz como a vez anterior, o AC achou horrível e que ficou parecido como cara de imberbe” ... A podóloga me olhou e me fiz de desentendido.
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