quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Tio Xiruca


                                     
  Na velha Cacimbinhas corriam notícias e causos de todos os moradores.
Principalmente nas famílias tradicionais e mais numerosas, sempre tinham histórias hilárias.
  Minha Mãe tinha um tio, chamado Xiruca, fazendeiro remediado, gaúcho simples de poucas letras que gostava de viajar para Cachoeira. Vendia uns bois gordos, de sete/oito anos, com mais guampa que carcaça e se mandava para o outro lado do rio Jacui.
  Certa vez levou seu filho Glicério, apelidado de Sério, para um atendimento hospitalar. O jovem foi atendido pelo Dr. Scopel e operado de apendicite. Tio Xiruca não entendeu o nome e dizia que era de “penisite. Os amigos perguntavam: - Como está o Sério? Respondia logo: - O próximo está todo “esparagaitado” (com esparadrapos), em cima da cama e a Flor cuida dele.
  Levou, também, seu filho Odilon, que chamava de Ilon. Certo dia o Ilon desapareceu do hotel e ele muito aflito, saiu pela Rua Sete a sua procura, pois, considerava Cachoeira uma cidade grande, e, em cada esquina gritava: - Ilon, Ilon e a quem passava perguntava: -“Não me viram o Ilon por ai”? Encontrou uns conhecidos e continuaram a procura.
  Cansados e com sede chegaram ao Café Frísia e pediram água. O garçom prontamente atendeu, servindo-lhes uma bem gelada. Tio Xiruca, deu o primeiro gole, cuspiu no piso e disse – Esta água está choca, animal! O rapaz educadamente, respondeu: - Não senhor, é água com gás. Foi uma gargalhada no recinto.
  Voltando, ao hotel, ouviu umas batidas e gritos do Ilon. Seguiu pelo corredor e encontrou o guri preso no banheiro.  Não conseguia abrir a porta. Olhou de alto a abaixo e lascou: -“ovelha não é pra mato mesmo, porque não foi na moita ”...
  Esta foi uma das histórias do tio Xiruca, figura ímpar em nossa família.

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