Agora vamos encontrá-lo em sua nova morada em Cacimbinhas. Muito contrariado, com as exigências da lei, sempre dizia: - “agora sou cidadão, imaginem, querem que construa banheiro de ovelhas e divisa de sete fios no meu campo.Coisa do Getúlio”.
Aos poucos foi se adaptando à nova vida. Ficou morando na Pensão da Sorte, até comprar uma casa. Od filho mais velho que chamava de Major, ficou cuidando do gado. Os outros foram servir o exército em Cachoeira.
Seu Pota passava o dia numa esquina, perto da rodoviária, pois ali sempre via conhecidos da campanha, quando chegavam à Vila. Era uma maneira de “ser visto e ser lembrado”, dizia. Assim, logo começaram a pedir empréstimos e seu negócio prosperou. Mas as normas seguiam como antes. Primeiro passariam na fazenda deixando as garantias. Apanhariam um bilhete com o Major com o preço negociado e o juro descontado. Para os moradores da Vila, emprestava só com aval, do Coronel Fagundes ou do farmacêutico Carlitos. Dizem que nunca perdeu nada.
Ficou tão famoso, como agiota, e deu tanto movimento à Pensão que o proprietário Samura , trocou o nome, passando a chamar-se Pensão Esquina do Ouro.
O filho Catito seguiu a carreira militar foi promovido a sargento e transferido para o Rio de Janeiro. Era tudo o que queria. Quando visitava Cacimbinhas, nunca tirava a farda. Ficava orgulhoso ao passar por um brigadiano e vê-lo puxar continência. Cursou Engenharia e lá ficou morando . Queria que os pais fossem à sua formatura, mas seu Pota professava, “ aeroplano, só se ele cair na minha cabeça”.
O filho mais moço, o Gasta (o gastador da família), mais alinhado de todos só queria coisa boa, “sombra e água fresca”. Deu baixa no quartel e casou com uma linda moça de Cachoeira. Voltou à Cacimbinhas vendeu suas ovelhas e o gado e desapareceu. Dizem que virou viajante de secos e molhados.
Seu Pota tornou-se popular e conhecido, na Vila, por sua presença de espírito. Tinha resposta sempre na ponta da língua . Pois não economizava para dizer suas belas e sábias conclusões..
Eleitor fiel do Coronel Fagundes, só votava em quem ele indicasse.
Um dia foi no engenho do Chaninho e conheceu uma nova girigonça portátil, a máquina de costurar saco. Encheu o peito e repetiu aquela velha afirmação:“não dá mesmo para duvidar de nada , todo dia conheço uma novidade”.
Assim tornou-se um respeitável cidadão na Vila, reconhecido por todos, sem nunca ter revelado qual a taxa de juro cobrada e o nome dos tomadores.
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