Ninguém era indiferente ao episódio, muito menos em Cacimbinhas, onde cada um tinha sua posição. Noticias radiofônica eram seguidas a fio, na promissora Vila, pois pouca coisa tinham a fazer a não ser jogar, tomar trago, matear e falar da vida alheia. O preço do boi estava bom e não se falava em aftosa por perto, era tudo que a indiada queria. Benza Deus diziam os que mais boi gordo tinham.
Neste panorama, numa fria manhã de maio, a gauchada reunida numa “Cancha de Tava”, também conhecido por jogo de osso (jogado com o osso astrálgo, do jarrete do bovino, explicação para os leitores estrangeiros, é originário da Grécia). Bueno chega de cultura, voltamos aos fatos.
A jogatina seguia firme e discutiam a tal e guerra dos correntinos, o “coimeiro” vendia fichas enquanto as parcerias se formavam e entravam na cancha, e se ouvia, também “suerte” ou “culo”, na linguagem da tava.
Chega o Quida Chimango, sub-delegado, estudado em Pelotas, cheio que nem “pinico de velha” e fala grosso: - calem a boca ignorantes, vocês nem sabe onde fica a Argentina. Foi o que bastou, para o jogo terminar e o Lico saltar na goela do Chimango, que sacando seu 38 lascou bala no agressor. Oitavado no balcão, do bolicho, tomava uma purinha o velho arruaceiro Ari Pistola posteiro na fazenda de Lico, vendo o patrão estendido, com seu trabuco, mandou chumbo bem no coração do Quida Chimango, que caiu fulminado. Lico atendido a tempo se salvou. E o valente atirador Ari Pistola preso, foi condenado.
E assim, Quida Chimango foi o único brasileiro a tombar, pela causa das Malvinas.
Um dia os historiadores irão registrar esse fato e verão então que não é prosa minha.
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