Lá vai ela
Uma figura doce, alegre e comunicativa, apoiada numa bengala, aguardava
um coletivo, e perguntou-me enquanto eu passava: “Ajuda-me a subir no ônibus”? Não respondi peguei em sua gélida e magra mão.
Vamos lá. A porta não abriu, nos minutos seguintes, contou-me quase toda a sua
vida. Era carioca, professora aposentada, com
dois cursos superiores, 90 anos. Só viaja pelo Brasil. Em cada cidade gosta de
andar de ônibus, conversar com seu
vizinho de banco, conhecer e apreciar cada rua por onde passa. Abriu-se a porta
do ônibus, adentramos e acomodei-a no
primeiro banco. Lá se foi Helena límpida e leve como uma pluma, desejando transformar
cada minuto da vida, que lhe resta, num sopro de alegria, conversando e conhecendo pessoas tão anônimas
como ela.
Indo ás compras
O consumismo foi ultrapassado pela
modalidade do hiperconsumismo, que vende
até para quem não desejava comprar. A maquiagem, para isto, inicia na indústria, na sofisticação das
embalagens, com um elevado custo agregado, atraindo mais o consumidor pela
imagem.
Quem vai ás comprar, é
envolvido por uma mensagem subliminar que
engana o cérebro, pois é ele que comanda nossas atitudes. Todos os apelos envolventes,
são aceitos facilmente.
Até nos restaurantes ao consultar
o cardápio, os primeiros pratos são caros,
com nomes exóticos. Ninguém imagina
sentar-se à mesa e pedir um cozido, mas se for grafado em francês russo ou inglês será logo aceito.
Nos supermercados as
tentadoras “ofertas”, ao invés de vender
uma unidade vendem duas ou mais, pois estão estrategicamente colocadas com
coloridos cartazes. Assim também acontece
nas lojas de departamentos. Amplas, e
com mil e uma tentações, em seus vários e longos corredores, com a mensagem de que tudo está barato.
O manjado truque de todo o
preço, terminar no 0,95 ou 0,99 centavos, é outro alçapão.